7 de fevereiro de 2013

Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz.”


“Ando devagar por que já tive pressa e levo esse sorriso por que já chorei demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe, só levo a certeza de que muito pouco eu sei. Nada sei. Conhecer as manhas e as manhãs. O sabor das massas e das maçãs. É preciso amor pra poder pulsar. É preciso paz pra poder sorrir. É preciso a chuva para florir. Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente, como um velho boiadeiro levando a boiada. Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou. Estrada eu sou. Todo mundo ama um dia, todo mundo chora. Um dia a gente chega, no outro vai embora. Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz. Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais. Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz.”
A fala é um fenômeno, a palavra também, porque é um acontecimento que nos revela. Estamos nas palavras, estamos nas entrelinhas, estamos no silêncio, estamos nas pausas, estamos na continuidade… Somos tantos pensando, somos tantos falando e todos nós temos o desejo de acertar o passo. Eu ainda continuo acreditando que o grande desejo de todas as partes é ajudar a última frase dessa música: “Descobrir o dom de ser capaz de ser feliz.” Eu acredito mesmo nessa oportunidade que cada um de nós têm de ser feliz. Como num velho conto que já li, de dois miseráveis, dois homens de rua… A autora vai construindo a história de uma maneira extraordinária, com tanta sensibilidade que ela tem. O contexto daqueles personagens… ela diz que a vida sempre vale a pena, sempre! Mesmo que nós estejamos cheios de sofrimentos. Mesmo que nós estejamos cheios de misérias, aí ela termina assim: Porque em algum momento, mesmo com todas as misérias que existem no mundo, dois mendigos se depararão com a lua cheia, brilhante no céu, vão sair de um caixote de papelão e um vai dizer para o outro: “Venha cá, meu cumpadi, venha ver que beleza dessa lua. Só pra isso valeu viver.” (Não com essas palavras, mas com esse sentido.)
Pra gente ter a oportunidade de fazer valer o momento presente, que nos foi presenteado, ser feliz agora, mesmo tendo tantas dificuldades no dia-a-dia, mesmo sendo eu proprietário de tantos limites, eu me descobrir no meio de tudo isso, eleger um motivo para hoje, o mundo merece o teu sorriso. É sempre necessário eleger um motivo para que o mundo receba o nosso sorriso. Sorriso de verdade, viu? “Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais.”  
Depois de ter chorado muito, construa um sorriso, que seja de verdade, que tenha história, que esteja diretamente conectado ao processo de luta que estabelecemos. Não desanimar, essa é a regra! A ordem é: resistir. Nós, que tanto lutamos, não podemos permitir que o espírito de vítima se aposse de nós. Algumas pessoas gostam, inconscientemente, alimentar o sofrimento, de ser vítima o tempo todo, que acaba sendo um canal comum com as pessoas… Parem com isso! Isso é peso. Peso para você, peso para o outro. Olhe pra você, descubra hoje o que merece ser cultivado, vai além. Não se acostume com suas misérias, mas olhe para elas como uma oportunidade de superação sempre. O outro não tem que carregar os seus problemas, mas a comunicação nos dá diariamente a coragem de desafiar todas as estruturas que estão ao nosso redor pra que elas estejam ao nosso favor. Que eu não fique eternamente lamentando as escolhas, as dificuldades. Que eu não fique eternamente com o mesmo assunto, contando a mesma história, reclamando da mesma pessoa… não pode ser assim. A gente precisa olhar para nossas vidas, por mais miserável que você acha que possa ser, agradeça por estar vivo. Neste momento, muitas pessoas dariam tudo para voltar a ter uma oportunidade de viver. Estão diagnosticadas, estão nos hospitais nos seus suspiros finais, estão vitimadas pela doença, pela tragédia, pelo acidente, e nós estamos aqui, com vida. Nós não podemos desperdiçar isso, nós não podemos desperdiçar uma vida inteira sendo vítima. A fé que temos é para nos dar referências do que precisamos fazer para alcançar o resultado. É luta! Não espere que a vida venha te dar uma caminha quente pra deitar. É luta! De vez em quando na luta temos o nosso prazer, porque a luta também é prazer. Você olha para você e apesar de suado de tanto trabalho, você agradece a Deus a saúde que tem, assim como o agricultor faz. Gosto muito da vida do agricultor, suado do trabalho no meio daquele pasto, no meio daquele campo, daquela plantação, ele tira o chapéu a agradece a Deus a saúde que tem. É assim a vida: “Não há vitória sem luta!”